26.1.10

Fica, Morango!




O pessoal por aí não sabe se virar na homofobia. E é preciso dizer que o mundo é homofóbico e você está no mundo. Etc etc. O caso é que surgiu um assunto assim. Que o Serginho e o Dicésar são estereótipos de gays. E a Angélica não é um estereótipo. Fico já ressabiada porque a impressão que dá é que as pessoas queriam dizer que ela é a única "quase normal" dos três. Mas ficam sem coragem. De dizer. E eu preciso avisar que é o contrário. As relações estabelecidas nessas condições acabam sendo outras. Então a mais freak ali é ela. Porque não é fácil reconhecê-la. É preciso que ela diga. E é ISSO que desestabiliza as pessoas. O Serginho e o Dicésar conseguem manter o mundo equilibrado. A gente olha, reconhece, se afasta, se aproxima. Mas tudo dentro do conhecido. Nós X Eles e tal. Tudo delimitado. O difícil é estar perto de alguém que você nem diria que é. Que pode ser sua irmã, vizinha, professora do seu filho. O mundo preto e branco, borra. E ninguém sabe o que fazer. Não é verdade que a casa votou nela porque não tem coragem de votar nos outros Coloridos. Votou nela porque não sabe o que fazer com ela. Ela que poderia estar no grupo dos Cabeças ou dos Belos. Ela que nem tem lugar fixo. E se o público optar pela eliminação, segue na mesma lógica. Tirar o desconhecido e continuar pensando que sabe. O que é um gay, o que é um hetero, o que é um trans, o que é uma lésbica. Etc etc.

E pelo visto ela tem a relação mais estável da casa. Veja você.

A Fernanda queimou demais o filme com esse telefonema nonsense. Perdeu a imagem. De sensatez e tal. Foi papelão isso. Mico. Uma coisa assim.

Tô sentindo um risco de que a palavra homofobia seja banalizada ao longo do programa. Às vezes visibilidade pode ser uma faca de dois legumes. Não deixaremos, né? Que se banalize. Homofobia é homofobia. Se acontecer UMA vez, é homofobia. Se acontecer DUZENTAS vezes, continua sendo. E assim por diante. Na periferia, na Augusta ou no BBB.