Eu acho que é assim que funciona torcida de BBB. De uma maneira que, se Dra. Elenita me permite, chamarei de weberiana. Quem lê meu blog conhece porque eu uso muito isso pra interpretar a realidade. Já que eu sou uma pessoa teórica e cdf de boteco etc. O Weber explica quetodas as nossas ações só podem ter 4 tipos de motivação. Então.
1) somos motivados RACIONALMENTE com relação a fins: e essa motivação diz respeito a agirmos visando algo específico. Tem a ver com a adequação de meios e fins. Custo e benefício. Coisas assim. A motivação pode ser explicada em termos práticos.
É difícil que a gente torça com relação a fins. E esse é um charme do programa. para alguns Eu torço em relação a fins (e alguns outros comentaristas antigos de BBB também o fazem). Geralmente isso acontece quando a estratégia do candidato me parece absolutamente superior. E ele consegue usar as adversidades para consolidar sua permanência e tal. A Ana Carolina foi a minha maior torcida com essa motivação. Considero que ela empatou um jogo perdido. O Labo B era o vencedor desde a primeira semana e ela fez o exército de uma mulher só. E entrou de cabeça e no final era um monstro. E o Lado B amedrontado até o dia em que ela foi eliminada.
Minha torcida foi objetiva e calculada porque eu não simpatizava com ela e nem considerava que as causas dela eram melhores. Só percebi isso que eu falei. Ela empatou um jogo perdido. Sozinha.
2) somos motivados RACIONALMENTE com relação a valores: o nome já é explicativo. A nossa motivação é de ordem moral. A palavra racional está aí porque temos consciência da crença e optamos por ela sabendo o que significa.
Esse é o tipo de torcida que NÃO me interessa no BBB. Eu detesto que o programa seja usado como trampolim de discursos moralizantes. E claro que nem toda motivação por valor é moralizadora, às vezes é só moral mesmo. Mas nesse caso, do programa, se torna. Porque é óbvio que não é pra isso que ele é feito. É óbvio que que não temos condição de fazer uma discussão ética. E tudo que não pode ser ético, acaba sendo apenas moralista. No microblog hoje:
Silêncios, introspecção. Devaneios. Acordei lembrando "Ñ existe direito de punir só PODER de punir". (Sem entender a rejeição da Tess...)
Elenita disse há 5h atrás.
Essa faceta do programa nunca me agradou. De fazer bodes expiatórios coletivos etc. Esses supostos "ganchos" que ele suscitaria. Como a reportagem do Fantástico na linha "fui traída, o que fazer?". Eu acho excessivamente fútil. Não precisaria ser isso. Se as pessoas estivessem dispostas a fazer outro tipo de reflexão a respeito do confinamento. Não é um microcosmo, o programa. E eu não converso a respeito de BBB com quem acha que é. MINHA OPINIÃO. Não vendo como verdade absoluta.
A confusão se dá, às vezes, quando torcidas coincidem. Por exemplo, algumas pessoas torceram pra Ana Carolina motivadas por valores. E nada pode estar mais distante da minha torcida do que isso. Eu não torci por ela porque ela era a única verdadeira ou porque tinha muito caráter.
Infelizmente, para mim, é a motivação principal dos telespectadores. Eles preferem essa porque não conseguem fazer o exercício de chegar "a fins" e consideram, então, que estando "motivados por valores" tem argumentos e coisas assim.
3) Somos motivados pelo afeto: não é racional, veja que é uma diferença importante em relação às outras duas. É a nossa reação emocional mesmo. De gostar ou não gostar de uma situação em um dado momento.
A gente diz que no BBB isso é o mais importante. Todos falam a respeito do carisma dos vencedores. Eu não acho não. Não vou listar todo mundo, mas a grande maioria, me parece, ganhou por valores. Porque conseguiu encarnar alguma coisa que as pessoas acham importante e essas coisas. Mas a percepção geral é de que a gente ama ou odeia o participante, sem qualquer relação racional. Dos olhos pro coração, sem escala no cérebro. Eu acredito que pode bem ser o caso de algumas pessoas. Mas o programa é longo demais. Acho que acontece meio em etapas. As pessoas primeiro fazem a peneira de valores/fins e depois chegam no afeto. O problema é que quando o afeto se estabelece, não tem mais jeito. A pessoa pode cagar na varanda ou achar a cura do câncer que a torcida continua arrumando argumentos e tal. É por isso que vai tudo tão bem no começo e no fim acabamos brigando.
Acho que os personagens engraçados tentam esse apelo afetivo. Pink, Francine. A gente simplesmente gosta ou implica. Sabrina era assim também. Que eu me lembro é só.
4) somos motivados pela tradição: que seria obedecer a reflexos mesmo. O exemplo típico é fazer nome-do-pai quando passamos em frente a uma igreja.
Um viés da minha torcida é bem tradicional. Eu só torço pra mulher. A exceção foi o Rafael Valente. As meninas do forinho, ao contrário, só torcem pros bonitões. A gente foca num determinado universo e isso acaba se tornando meio que mecânico. TV aberta faz uma programação convencional e o telespectador é convencional. Há um temor geral de que os gays dessa edição serão beneficiados por esse tipo de torcida. A tal da comunidade gay que apoiaria automaticamente. E a Angélica tão bem lembrou a Elenita "a comunidade homofóbica é maior, hein?". Essa anti-torcida também seria tradicional. Não aguenta muito essa torcida. Ela acaba se desfazendo. A gente não consegue torcer só por isso.
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Acho que o post já está longo demais. Então não vou nem concluir direito. Mas acho que isso que causou tanta estranheza. Primeiro. Por que a @twittess foi tão violentamente condenada moralmente por uma banalidade ("roubar" um namorado)? E como essa condenação virou ódio supremo. Uma recorrência na internet, que muito tem me incomodado. O ato sempre é mais leve do que as condenações do ato. Ela foi agredida ontem (através de "piadas") de tantas maneiras. Então o Dourado disse que só paredão acirrado é que bate recorde de votação. Não poderia estar mais enganado. Recorde de votação nós só temos em paredão moralista.
A Marina W. fez um trabalho excelente de compilação de alguns twitts sobre ela. Vale a pena ler. A vontade é de apenas assistir e postar sobre um programa de TV. Mas é impressionante o comportamento de horda. Assusta, tira o tesão mesmo. Vale mesmo a pena ler.
1) somos motivados RACIONALMENTE com relação a fins: e essa motivação diz respeito a agirmos visando algo específico. Tem a ver com a adequação de meios e fins. Custo e benefício. Coisas assim. A motivação pode ser explicada em termos práticos.
É difícil que a gente torça com relação a fins. E esse é um charme do programa. para alguns Eu torço em relação a fins (e alguns outros comentaristas antigos de BBB também o fazem). Geralmente isso acontece quando a estratégia do candidato me parece absolutamente superior. E ele consegue usar as adversidades para consolidar sua permanência e tal. A Ana Carolina foi a minha maior torcida com essa motivação. Considero que ela empatou um jogo perdido. O Labo B era o vencedor desde a primeira semana e ela fez o exército de uma mulher só. E entrou de cabeça e no final era um monstro. E o Lado B amedrontado até o dia em que ela foi eliminada.
Minha torcida foi objetiva e calculada porque eu não simpatizava com ela e nem considerava que as causas dela eram melhores. Só percebi isso que eu falei. Ela empatou um jogo perdido. Sozinha.
2) somos motivados RACIONALMENTE com relação a valores: o nome já é explicativo. A nossa motivação é de ordem moral. A palavra racional está aí porque temos consciência da crença e optamos por ela sabendo o que significa.
Esse é o tipo de torcida que NÃO me interessa no BBB. Eu detesto que o programa seja usado como trampolim de discursos moralizantes. E claro que nem toda motivação por valor é moralizadora, às vezes é só moral mesmo. Mas nesse caso, do programa, se torna. Porque é óbvio que não é pra isso que ele é feito. É óbvio que que não temos condição de fazer uma discussão ética. E tudo que não pode ser ético, acaba sendo apenas moralista. No microblog hoje:
Silêncios, introspecção. Devaneios. Acordei lembrando "Ñ existe direito de punir só PODER de punir". (Sem entender a rejeição da Tess...)
Elenita disse há 5h atrás.
Essa faceta do programa nunca me agradou. De fazer bodes expiatórios coletivos etc. Esses supostos "ganchos" que ele suscitaria. Como a reportagem do Fantástico na linha "fui traída, o que fazer?". Eu acho excessivamente fútil. Não precisaria ser isso. Se as pessoas estivessem dispostas a fazer outro tipo de reflexão a respeito do confinamento. Não é um microcosmo, o programa. E eu não converso a respeito de BBB com quem acha que é. MINHA OPINIÃO. Não vendo como verdade absoluta.
A confusão se dá, às vezes, quando torcidas coincidem. Por exemplo, algumas pessoas torceram pra Ana Carolina motivadas por valores. E nada pode estar mais distante da minha torcida do que isso. Eu não torci por ela porque ela era a única verdadeira ou porque tinha muito caráter.
Infelizmente, para mim, é a motivação principal dos telespectadores. Eles preferem essa porque não conseguem fazer o exercício de chegar "a fins" e consideram, então, que estando "motivados por valores" tem argumentos e coisas assim.
3) Somos motivados pelo afeto: não é racional, veja que é uma diferença importante em relação às outras duas. É a nossa reação emocional mesmo. De gostar ou não gostar de uma situação em um dado momento.
A gente diz que no BBB isso é o mais importante. Todos falam a respeito do carisma dos vencedores. Eu não acho não. Não vou listar todo mundo, mas a grande maioria, me parece, ganhou por valores. Porque conseguiu encarnar alguma coisa que as pessoas acham importante e essas coisas. Mas a percepção geral é de que a gente ama ou odeia o participante, sem qualquer relação racional. Dos olhos pro coração, sem escala no cérebro. Eu acredito que pode bem ser o caso de algumas pessoas. Mas o programa é longo demais. Acho que acontece meio em etapas. As pessoas primeiro fazem a peneira de valores/fins e depois chegam no afeto. O problema é que quando o afeto se estabelece, não tem mais jeito. A pessoa pode cagar na varanda ou achar a cura do câncer que a torcida continua arrumando argumentos e tal. É por isso que vai tudo tão bem no começo e no fim acabamos brigando.
Acho que os personagens engraçados tentam esse apelo afetivo. Pink, Francine. A gente simplesmente gosta ou implica. Sabrina era assim também. Que eu me lembro é só.
4) somos motivados pela tradição: que seria obedecer a reflexos mesmo. O exemplo típico é fazer nome-do-pai quando passamos em frente a uma igreja.
Um viés da minha torcida é bem tradicional. Eu só torço pra mulher. A exceção foi o Rafael Valente. As meninas do forinho, ao contrário, só torcem pros bonitões. A gente foca num determinado universo e isso acaba se tornando meio que mecânico. TV aberta faz uma programação convencional e o telespectador é convencional. Há um temor geral de que os gays dessa edição serão beneficiados por esse tipo de torcida. A tal da comunidade gay que apoiaria automaticamente. E a Angélica tão bem lembrou a Elenita "a comunidade homofóbica é maior, hein?". Essa anti-torcida também seria tradicional. Não aguenta muito essa torcida. Ela acaba se desfazendo. A gente não consegue torcer só por isso.
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Acho que o post já está longo demais. Então não vou nem concluir direito. Mas acho que isso que causou tanta estranheza. Primeiro. Por que a @twittess foi tão violentamente condenada moralmente por uma banalidade ("roubar" um namorado)? E como essa condenação virou ódio supremo. Uma recorrência na internet, que muito tem me incomodado. O ato sempre é mais leve do que as condenações do ato. Ela foi agredida ontem (através de "piadas") de tantas maneiras. Então o Dourado disse que só paredão acirrado é que bate recorde de votação. Não poderia estar mais enganado. Recorde de votação nós só temos em paredão moralista.
A Marina W. fez um trabalho excelente de compilação de alguns twitts sobre ela. Vale a pena ler. A vontade é de apenas assistir e postar sobre um programa de TV. Mas é impressionante o comportamento de horda. Assusta, tira o tesão mesmo. Vale mesmo a pena ler.